Alice Rice Callender
(1812 - 1888)


Maria Elvira Dayrell (Tia Neném)

Código: 186146

Nascimento Diamantina, MG, aprox. 1833

Falecimento Serro, MG, 18 jul 1894

Irmãos:
Felisberto Henrique Dayrell (1834 - 1911)
Augusto Dayrell (aprox. 1836 - 1892)
Carlos Leopoldo Dayrell (1838 - 1913)
Francisco Dayrell (aprox. 1840)
José Mortimer Dayrell (1841 - 1841)
José Mortimer Dayrell (1843 - 1922)
Serrano Dayrell (1844 - 1909)
Guilhermina Cândida Dayrell (1845 - 1923)
João Dayrell (1848 - 1918)
Henriqueta Dayrell (1850 - ?)
Georgina Dayrell (1852 - 1924)
Ottília Dayrell Rollim (1854 - 1943)
Leopoldo Carlos Dayrell (1855 - 1933)
Alice Mortimer Dayrell (1857 - aprox. 1935)

Meios-irmãos:
Celestino Pereira Dayrell (1845 - 1922)
Ritta Dayrell-Dalhia (1856 - 1914)

Não se casou - A " tia Neném " do Diário de Helena era a filha mais velha de John e Alice. Sempre muito doente, pouco conhecida e citada, vivia na Fazenda do Angu Duro em São Gonçalo do Rio das Pedras. Morreu em 18 de julho de 1894. Conforme Diário, 31 / 08 / 1893 e 19 / 07 /
1894)
"1893 - Quinta-feira, 31 de agosto
Hoje tive um dos dias mais felizes da minha vida. Fui chegando em casa e encontrando em cima da mesa uma caixa grande de papelão. "Que é isto, mamãe?" Ela disse: "Não sei. Entregaram aí e eu deixei para você mesma abrir. Veja a carta o que diz; está ali na mesa". Abro a carta e ela dizia: "Minha queridinha Helena: Eu e Carlos não nos esquecemos de seu aniversário e por isso os dois nos reunimos e lhe mandamos sua toilette do dia, que desejamos que você festeje com toda alegria e felicidade que você merece. Tudo foi feito por minhas mãos, até os bordados e esperamos que ainda chegue em tempo. Eu e seu padrinho lhe enviamos saudosos abraços, pedindo a Deus que você continue boazinha e feliz como tem sido até hoje".
Vinha esta carta dentro de outra para meu pai. Que pena que o presente não tivesse chegado antes do dia 28!
Esta minha madrinha estudou para normalista na nossa casa, já de idade, e foi como professora para Santa Maria de São Félix, morar com tio Carlos que é comerciante lá.
A família de vovô inglês é a família mais bem organizada que eu tenho conhecido. Ele teve muitos filhos e depois de criados entregou a cada irmão uma irmã para cuidar e sustentar. Madrinha Quequeta era de meu pai. Todos vão vivendo, mas só tio Mortimer é que já fez fortuna. Quando fizeram Escola Normal em Diamantina tia Madge tinha perto de quarenta anos.
Assim mesmo ela entrou para a Escola e tirou o título. Mora com tia Ifigênia e tia Cecília, que são boas modistas e no tempo das frutas vão todas para aFazenda fazer marmelada e goiabada. A "goiabada das inglesas" é apreciada
até no Rio de Janeiro. Tia Neném nunca saiu da Fazenda e vive a vida inteira doente, coitada. Madrinha Quequeta também invejou tia Madge, entrou para a Escola depois de velha e já está na Santa Maria ganhando dinheiro e mandando coisas bonitas para mim. Também eu quero tanto a estas minhas tias!
Veio-me um vestido de cassa branca com pingos, uma anágua muito bonita de renda, uma camisa e umas calças bordadas. Umas botinas de botões, três pares de meias e uma dúzia de lenços. O vestido é tão bonito que já estou vendo a minha sorte na primeira festa. É de babadinhos.
Vou já levar tudo para mostrar a vovó só para ouvi-la dizer: "Que mãos de fada têm suas tias!".


1894 - Quinta-feira, 19 de julho
Estou hoje cansada pois foi um dos dias em que tive mais trabalho. Mas poderei deixar de contar ao meu caderno amigo o que me aconteceu ontem?
Imagino que Diamantina inteira não teve hoje outro assunto a não ser:
"Vocês viram ontem Helena e Luisinha dançarem a noite inteira com a tia delas no caixão?". Só sinto não falarem a mim própria, pois eu explicaria.
Mas também que caiporismo o nosso! Tia Neném levou o mês inteiro morrendo e deixou para dar o último suspiro ontem.
Eu sei muito bem que a tia Neném é a irmã mais velha de meu pai e que ele a estima muito. Mas confesso que não posso chorar a morte de uma tia inglesa que eu não conhecia. Ela vivia doente há muitos anos na fazenda e nenhum sobrinho a conhecia. Quando meu pai soube que ela estava passando mal foi para lá, há uns oito dias. Nós já estávamos convidadas
desde antes para o casamento de Leontina. Era a primeira festa a que eu ia assistir. O vestido cor-de-rosa foi o primeiro vestido bonito que já tive.
Como podia perder tudo isso?
Depois, não sei como se espalhou a notícia pela cidade. Meu pai só escreveu a mamãe, que estava também preparada para ir ao casamento e desistiu; mas ela mesma achou triste que nós deixássemos de ir, tendo recebido a notícia na última hora. Combinou conosco: "Vocês vão com suas primas e eu não comunico hoje a ninguém a morte de Neném. Guardo a notícia para amanhã". Mas sou tão caipora que fui pondo o pé na casa da noiva e logo recebendo os pêsames. Foi até maldade do pessoal. Mas eu fui corajosa de mentir com a cara limpa. Ia respondendo a todos com a maior calma: "Pêsames de quê?". "Da morte de sua tia". "Quem lhe disse isso? Não
é verdade. Meu pai está na fazenda e não mandou dizer nada a mamãe." Mas o pessoal não me deixou em paz senão depois de se convencerem que eu estava mais disposta a divertir-me do que a chorar a morte de uma tia desconhecida.
Oh, que noite agradável! Apesar da insistência de todos em procurarem toldar a minha alegria não o conseguiram. Foi a primeira vez que entrei num baile. Como é bom dançar! E como eu acertei logo com todos os passos! Se eu não tivesse ido ontem ao casamento, não me consolaria nunca de o ter
perdido. É tão rara uma festa assim! Depois penso que ninguém guardará lembrança por muito tempo da falta de sentimento que tivemos de mostrar.
Seria melhor que tia Neném tivesse morrido depois do casamento e que pudéssemos nos mostrar mais sentidas. Mas Deus não quis. Que fazer?

Sobrenome Dayrell

Cadastrada por Antônio Carlos Dayrell Lucas.
Fonte: Antônio Carlos Dayrell Lucas - (038)-99871-3754 - E-mail: antonio.dayrelltm@gmail.com // dayrellmortimer@groups.facebook.com Ramo: John/Alice/João/Ângelo/Antônio Dayrell
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