Jorge de Mello
(aprox. 1460 - aprox. 1534)
Branca Coutinho
(aprox. 1480 - aprox. 1563)
Fernando de Almada
(? - aprox. 1563)
Catharina de Albuquerque Pombalinho
(aprox. 1474 - aprox. 1564)

Vasco Fernandes Coutinho V

Código: 6141

Nascimento Portugal, aprox. 1490

Falecimento aprox. 1561

 casou-se com Maria do Campo
casou-se com Ana Vaz Almeida

Teve cinco irmãos legítimos e um bastardo.
Vasco Fernandes Coutinho foi o primeiro Capitão-Donatário da donataria do Espírito Santo, e segundo Simão de Vasconcellos era "fidalgo de igual valor e nobreza, dos mais illustres e antigos solares de Portugal."
Há uma certa discrepância quanto ao caráter de Coutinho. Alguns historiadores exageram suas más qualidades talvez por terem se baseado em cartas enviadas ao El-Rei por inimigos ou adversários do donatário no Brasil. Há também aqueles que o enaltecem de todas as maneiras. Parece certo que Vasco Fernandes Coutinho acolheu bandidos e marginais em sua capitania, talvez pela necessidade de povoá-la e explorá-la ao máximo, e isto realmente pode ter ocasionado bastante crítica e perseguição por moralistas e religiosos que chegavam ao Brasil para catequizar índios.
Alguns fatos na história deste Português, com efeito, levam-me a preferir a versão que dignifica seu caráter. Primeiramente, só o fato de ter recebido um pedaço de terra no Brasil, diretamente do El-Rei indica certa importância na metrópole. No estudo heráldico da família Coutinho, há um homônimo do donatário cuja filha casou-se com D. Fernando, senhor de Bragança, filho do Infante D. João e neto de D. Pedro I e D. Inês de Coutinho.Naqueles tempos, (circa 1320) a família possuía vários agregados sobrinhos ou filhos de reis e nobres. Outro fato a destacar é a denominação que o Donatário escolheu para sua Capitania e para a primeira vila. Segundo Braz Rubim, após o início da povoação, Coutinho "poz debaixo do Espírito Santo, para que o pensamento religioso estivesse presente sempre aos colonos."
Transcreverei duas opiniões de diferentes historiadores e o leitor que julgue Fernandes Coutinho por si só, embora acho que não seremos ‘nós que, [cinco] séculos depois, iremos levantal-o da sepultura, e nesta mesma terra que elle começou a civilizar, laçar-lhe em rosto seus vícios, occultando as virtudes.’
Diz assim o historiador Francisco Adolfo Varnhagen: "É necessário confessar que Vasco Fernandes não era nascido para o mando. Como simples colono, houvera sido um companheiro agradável e obediente: era um péssimo chefe. Na Ásia havia ganho celebridade pela proeza de investir em Malaca com um elephante que com a tromba esgrimia uma espada. Era de caracter dócil e jocoso, mas de nenhuma severidade para com os delinquentes e criminosos. Sem pureza de costumes não podia ser modelo de uns, nem terror de outros. Acabou por dedicar-se com excesso a bebidas espirituosas e até se acostumou com os índios a fumar, ou a beber fumo, como então se chamava este hábito, que naquelle tempo serviu de compendiar até onde tinha levado sua devassidão."
O historiador José Francisco da Rocha Pombo, por outro lado, diz não ter encontrado nem nas cartas dos primeiros missionários, coisa alguma em que possam justificar tais acusações ao caráter do Donatário. Na verdade, segundo Rocha Pombo, o testemunho de alguns padres retifica a opinião de que Vasco era um homem simples, sem paixões violentas e sobretudo de uma grande piedade cristã, desinteressado e generoso, talvez por isso mesmo sem qualidades para construir, para organizar e reger o povo naqueles tempos.
Também Braz da Costa Rubim enaltece o Donatário: "Gôa e Malaca foram testemunhas dos feitos deste discípulo do insigne Affonso de Albuquerque, que lhe confiou várias acções, para que eram escolhidos os capitães de merecimento já provado, e nellas nunca desmentiu o conceito em que era tido pelos chefes que militavam naquella parte do imperio portuguez. Alcaide-mor em Ormuz, ali serviu o tempo de que fora provido, e depois no estreito, de onde voltou para sua pátria. Vasco Fernandes Coutinho propondo-se á empreza de colonizar a sua donataria e augmentar os seus cabedaes, confiou de mais em si para vencer os perigos e trabalhos que o aguardavam. Cheio de esperanças, sacrificou o seu pequeno patrimonio nas despezas que lhe era mister para realisar seus planos, e deste modo ficou sem recursos para as emergencias futuras. Em presença de muitos embaraços por elle encontrados, não desacoroçoou emquanto as forças physicas o não abandonaram, e por duas vezes foi procurar no exterior os meios de arrancar a povoação da ruina a que parecia destinada. De caracter jocoso, de um valor nunca desmentido, generoso e grato para aquelles que de qualquer modo o ajudaram a suster a colonia, sem que seus proprios inimigos mencionem delle um só acto de opressão, longe de ser um potentatdo, como em seus sonhos doirados entreviu, foi mais companheiro do que chefe; compartilhou todos os trabalhos, e só esmoreceu na quando cheio de annos e velhice, inutilizado por molestias, pobre no meio daquelles a quem tinha favorecido, não podia mais continuar no governo da colônia. Foi-lhe a fortuna adversa, tragou o cálice da amargura até as últimas gotas: não seremos, portanto, nós que, três séculos depois, iremos levantal-o da sepultura, e nesta mesma terra que elle começou a civilizar, lançar-lhe em rosto seus vícios, ocultando virtudes. Como fundador desta capitania, merece uma lembrança ou memória que lhe recorde o nome."
Antes de vir para o Brasil, Coutinho já havia prestado grandes serviços na Ásia e na África. Fez fortuna e recebia uma pensão remunerativa que lhe deu D. João III pelos seus serviços na Índia. Viva em uma quinta em Alenquer, quando apareceu a oportunidade de colonização do Brasil. Espírito aventureiro que era, Vasco decidiu deixar tudo para trás e abraçar nova empreitada. Historiadores também divergem quanto ao fato de ter o Donatário deixado a família em Portugal ou trazido com ele a mulher e seus três filhos legítimos, além de outros filhos que teve com Ana Vaz Almada. Mas o fato d’ele ter que vender tudo que tinha para custear sua vinda ao Brasil parece confirmar a versão de que sua família também o tenha acompanhado.
Suas terras foram concedidas pela carta régia de 1o. de junho de 1534, assinada em Évora. Determina os limites, ao Norte, com a Capitania de Porto Seguro, de Pero de Campos Tourinho, separada pelo Rio Mucuri, "na ponta do Sul", e "cincoenta leguas de costa" até a Capitania de São Tomé, doada a Pero de Góis, limitada pela Serra de Santa Catarina das Mós, ao Sul do Rio Itabapoana. A Oeste, as terras deviam entrar "na mesma largura pelo sertão e terra firma a-dentro tanto quanto puderem entrar e for de minha conquista", especifica o documento régio.
Segundo Rocha Pombo, Vasco abriu mão de sua pensão em troca de um navio a algum armamento e provisões e partiu de Lisboa no início do ano de 1535. A expedição (segundo vários historiadores, era uma grande frota) chegou ao Brasil em 23 de maio do mesmo ano. Dentre os colonos estava Felipe Guilhem, espanhol entendido em minerais, o que prova o interesse de Coutinho pelo descobrimento das minas e sua consequente exploração.
Ao que consta já na chegada percebeu o donatário que sua aventura seria mais atribulada do que imaginara, pois os índios que habitavam aquelas terras os receberam com muita hostilidade e um número não menor de flechas. Porém, acuados pelas armas de fogo e canhões, os gentios se refugiaram mata adentro.
Enquanto eram edificadas os primeiros casebres da vila, construíam também um forte para defesa contra prováveis agressões indígenas. Mas o índio que se mostrou hostil de início acabou tonando-se logotolerante e até mesmo solícito em agradar o estrangeiro.
A esta primeira vila atribuem alguns historiadores o nome de Espírito Santo, mas Gabriel Soares de Souza, cuja obra data de 1587, diz que a povoação chamou-se Vila de nossa Senhora de Vitória, de acordo com a devoção de Vasco Fernandes Coutinho. Souza confirma ainda a passagem histórica: diz que o Donatário "chegou a salvamento à sua Capitania, em a qual desembarcou e povoou a Vila de Nossa Senhora de Vitória, a qual chamam de Vila-Velha, onde logo se fortificou, a qual em breve tempo se vez uma nobre vila para aquelas partes, de redor dessa e acabados, os quais começaram a lavrar açúcar, como tiveram canas para isso que se na terra deram muito bem."
Coutinho distribuiu terras aos que o acompanharam, como combinara, e as primeiras plantações foram realizadas, juntamente com a construção dos primeiros engenhos. Tal trabalho era auxiliado pelos índios. Acontece naquela faixa de terra havia várias tribos de nações diferentes e hostis umas com as outras, e ao mesmo tempo que os portugueses as aliaram com uma, tornavam automaticamente inimigos de outras. O primeiro grupo de colonos que chegaram à terra era muito pouco para inspirar respeito aos indígenas, e era claro o desejo do Donatário de não se restringir àquela pequena faixa de terra costeira. Para aumentar seus domínios foi que Coutinho tentou atrair pessoas tanto da metrópole como das capitanias vizinhas, oferecendo todos os tipos de vantagens. Um dos grandes auxiliares que conseguiu atrair para o Espírito Santo foi um fidalgo de certa importância chamado Duarte de Lemos, que vivia na Bahia e estava pouco satisfeito quando Coutinho o convidou prometendo largos proventos e talvez oferecendo algo ainda mais sedutor. É certo que não foi por pouca coisa que Lemos resolveu se retirar da Bahia com seus bens, escravos e agregados até mesmo seguido por alguns amigos.
Duarte de Lemos cooperou com afinco com Coutinho, especialmente em manter os índios à distância. Em retribuição, o Donatário doou-lhe uma ilha a que se dera o nome de S. Antônio e que de então em diante passou a ser conhecida pelo nome de seu novo proprietário. A partir daí foi que as desavenças começaram, não se sabe bem porque. Alguns estudiosos afirmam que foi devido às maiores pretensões de Lemos, que esperava uma sociedade com o donatário. Nota-se, entretanto, que é Duarte de Lemos quem se insurge contra o capitão, acusando-o em carta ao rei de pretender separar-se da monarquia e fazer-se estado independente na colônia. Fernandes, pelo contrário, sempre se mostrou reconhecido e disso deu provas retificando a doação perante El-Rei após a relação já estar estremecida. O fato de Duarte de Lemos exigir esta ratificação perante El-Rei confirma que a relação já não era de confiança, pois tal doação poderia, legalmente, ter sido feita exclusivamente pelo donatário. Uma cláusula da doação, portanto, parece que acirrou os ânimos pois, de acordo com ela, Duarte não poderia cobrar impostos daqueles que já viviam na ilha, posto que a ilha pertencia à capitania. Seu novo dono só poderia cobrar daqueles que porventura vivessem dentro dos limites de sua fazenda.
Em 1538, a colonização já estava bem encaminhada, e Vasco sentiu necessidade de adentrar-se pela capitania. Já se sabia da existência de tesouros naturais em seu interior. Para tanto, era necessário mais recursos humanos e financeiros. Como as outras capitanias sofriam da mesma escassez, Coutinho resolve tentar na Europa. Deixou o governo da colônia com Jorge de Menezes e partiu para o reino.
A ausência do donatário foi desastrosa para a capitania. Menezes era um homem com hábitos incompatíveis com a autoridade. Violento e de índole inconstante, era leviano e, segundo Rocha Pombo, um depravado. Os próprios moradores se ressentiram da sua chefia, e logo ninguém queria ser governado. A anarquia tomou conta e os índios começaram a ser subjugados de uma maneira tal, que a ferocidade inata foi aguçada a ponto de tribos da redondeza reagirem contra os abusos dos invasores. No desejo de vingança, Goitacás e Aimorés se aliaram contra o inimigo em comum. A luta começou com emboscadas e proclamaram uma guerra de morte contra os estrangeiros que os subjugavam. Menezes morre em luta e logo depois seu substituto no governo, Simão Castelo Branco. A destruição foi quase total. Os colonos se viram obrigados a se refugiarem às margens do Rio Cricaré, abandonando a vila do Espírito Santo.
Quando Coutinho retorna da Europa, encontra sua capitania na mais completa desgraça. Não parece ter conseguido os recursos na corte, mas se empenhou muito em reerguer o ânimo daqueles que restavam. Formou um novo núcleo na ilha de Duarte Lemos, onde era mais difícil sofrerem ataques. Restabelecendo-se uma paz relativa, o donatário voltou a pensar em procurar colaboradores para uma investida no interior da capitania. Deixando desta vez escrúpulos de lado, procurou em capitanias vizinhas e acabou aceitando a vinda e oferecendo refúgios de criminosos e insanos, por volta de 1550. Nesta época, enquanto estava arrebanhando aventureiros em Pernambuco, foi maltratado pelo bispo que não permitiu que ele assumisse o lugar na igreja reservado aos nobres, e no sermão disse que Coutinho se misturava com homens baixos, bebia fumo, e deveria até mesmo ser excomungado. Enquanto estava em uma destas viagens, os colonos da capitania do Espírito Santo, mais uma vez abandonados, lembraram de chamar a sua ajuda missionários, que tantos frutos já começavam a dar em outras capitanias. Os padres chegaram à capitania em inícios de 1551, com missão de pacificar os ânimos indígenas. Mas as lutas continuaram. Quase todos os colonos passaram-se para a ilha de Duarte de Lemos, onde se julgavam mais seguros. Mesmo ali os Goitacás chegaram para atacar. Uma resistência desesperada fez com que os índios se afastassem e os colonos novamente puderam voltar às suas plantações.
Mas em 1553 o padre Braz Lourenço concebe um plano para acabar de vez com os confrontos ao convidar uma tribo da Guanabara para mudar-se para o Espírito Santo. O chefe Maracaiáguassú, ou Grande Gato,irreconciliável inimigo dos Tamoios, aceitou o convite, e com seu povo retirou-se para o norte nas embarcações que lhe mandaram do Espírito Santo. Há conflitos, de cronistas, se foi isso mesmo o que ocorreu ou se foi o próprio chefe indígena que pediu asilo, em vista das dificuldades que a tribo se encontrava perseguida pelos franceses. O certo é que o Grande Gato veio foi para o Espírito Santo com sua tribo. Durante os primeiros meses só houve motivos para celebrações. Maracaiáguassú foi o primeiro a converter-se e até foi batizado com o nome de Vasco Fernandes Coutinho, homenageando o donatário. (Sua esposa, batizou-se com o nome da genitora de Coutinho.) Mas, ao cabo de alguns anos, esta mesma aliança causou novas decepções: uma insurreição geral dos Goitacás.
Mais uma vez o desânimo invade a colônia. Os moradores mais uma vez se refugiam em Duarte de Lemos. Vasco Coutinho, que voltara já alquebrado e esmorecido, pediu socorro ao governador geral Mem de Sá, que acabava de assumir o cargo, no ano de 1558. O Governador manda o próprio filho, Fernão de Sá, com os reforços para conter os indígenas. Por outro lado, Goitacás, Aimorés e Tupinikins, unidos, recrudescem na luta e tornam-se implacáveis. Como eram superiores em número, causam muitas baixas aos portugueses. Dentre elas, Fernão de Sá.
Os colonos, totalmente desnorteados, escondem-se nas montanhas vizinhas. Por sorte, um homem de valor aparece - Diogo de Moura. Este toma o comando, reúne um grupo de 68 homens, consegue reanimá-los e ataca os índios numa verdadeira missão suicida, mas acaba derrotando os gentios. É então, que para perpetuar a memória deste feito, se deu o nome de Vitória à nova vila do Espírito Santo, construída na ilha de Duarte de Lemos, ficando a outra, no continente, conhecida como Vila Velha.
A capitania estava salva, mas totalmente desprovida de recursos humanos. Coutinho, já velho e cansado, sucumbiu em completa penúria. Acaba por pedir renúncia que é aceita por Mem de Sá, que nomeia Belchior de Azeredo capitão-mor até a vinda do herdeiro de Coutinho, Vasco Fernandes Coutinho Filho.
O velho Coutinho faleceu "tão pobre que foi necessário darem-lhe por esmola o lençol em que o amortalharam". Não se pode dizer, no entanto, que seus esforços foram em vão. As duas povoações por ele iniciadas, Vitória e Vila Velha, são hoje orgulho de seus habitantes. Foi enterrado provavelmente em sua própria residência, como era o costume da época.
Pouco mais de cem anos após seu falecimento, Francisco Gil Nunes, primeiro Donatário da Capitania após esta ter sido vendida pelos descendentes de Coutinho, mandou refazer a Casa da Câmara, em Vila Velha e deu sepultura condigna aos ossos de Vasco Fernandes Coutinho, "que estavam soterrados numa arca."

Sobrenome Coutinho
Sobrenome Fernandes

Fonte: Nossa Gente Genealogia
Árvore genealógica Parentes próximos Descendentes Famílias às quais pertence

Ana Vaz Almeida

Código: 6142

Nascimento aprox. 1490

 casou-se com Vasco Fernandes Coutinho V

Era amante de Vasco Fernandes Coutinho, e com ele teve pelo menos dois filhos.

Sobrenome Almeida
Sobrenome Vaz

Fonte: Nossa Gente Genealogia
Árvore genealógica Parentes próximos Descendentes Famílias às quais pertence

Filho do casal:
Vasco Fernandes Coutinho VI (? - 1589)