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Horizontina Alves |
Código: 56432 Iguatama, MG, 12 dez 1912
Falecida.
Nome de casada: Horizontina Alves Louceiro
casou-se com José Louçeiro Sobrinho
Aos filhos, netos, bisnetos, que esse texto nos faça relembrar de onde viemos. Aos muitos amigos, que ele ajude a matar um pouco da saudade.
Somos frutos dessa boa árvore. Essa mulher sábia e corajosa resolveu que tinha que enfrentar a cidade e a adversidade para dar melhores chances aos seus filhos e, indiretamente, a todos nós que viemos depois.
Esse era um poema que a minha amada avó Horizontina recitava. Por algum tempo, achei que o tivesse perdido. Mas, hoje ao pensar na vó Zontina, decidi procurar e ao encontrar sabia que deveria compartilhá-lo.
Mísero Lenhador
Um misero lenhador,
Que oitenta invernos contava,
Com um feixe de lenha às costas
A passos lentos andava.
Pela idade enfraquecido,
Além do sustento escasso,
Tropeçou, caiu-lhe o feixe,
Fazendo um golpe num braço.
Depois com pranto nos olhos
Alguns alentos cobrou,
E refletindo em seus males,
Sentado, assim declamou:
Mais do que eu sou, infeliz,
Não há no globo um vivente,
Trabalho mais do que posso,
E vivo assaz indigente.
Pouco pão, nenhum descanso,
Uma existência oprimida,
Ah! que não vejo quem tenha
Tão dura e penosa vida!
Filhos maus, mulher teimosa,
Más pagas, duro credor,
Rendas de casas, impostos,
Não há desgraça maior!
Vem, ó morte, ó morte amável!
Socorre a quem te apetece!
Eis o esqueleto da morte
De repente lhe aparece;
E diz: " Mortal, que me queres?
Torna-lhe ele de mãos postas:
Quero, amiga, que me ajudes
A pôr este feixe, ás costas.
Na dor deseja-se a morte;
Mas quando vem faz tremer;
Que é dos viventes o instinto
Antes penar que morrer.*
Semmedo
Lisboa,Fevereiro de 1881.
Sobrenome Alves
Cadastrada por Geisson Alves de Oliveira.
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