História de Varginha


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Em 1808, o príncipe João foge para o Brasil e escapa de Napoleão Bonaparte, o homem mais poderoso do mundo. A colônia de Portugal somava 3 milhões de habitantes. A economia girava em torno da agricultura e extração mineral, movidas à base de escravos.

Dentro desse contexto surge Espírito Santo das Catanduvas, um arraial no sul de Minas com cerca de 1.000 pessoas. A criação do povoado é toda influenciada pela religiosidade e pelos costumes portugueses. O trânsito de tropeiros no sul de Minas era permanente. Entretanto, o desenvolvimento do núcleo ainda era lento.

Em 1832, a população de Varginha era de exatos 1.855 habitantes, um crescimento de 85%, tímido para duas décadas e meia. A Igreja adquiriu as áreas no centro da futura cidade, que pertenciam ao casal D. Thereza Clara Rosa da Silva e capitão Francisco Alves da Silva.

Durante 43 anos, Varginha foi um curato (aldeia com condições necessárias para se tornar o distrito de um município). As principais obras que marcam esse período são as construções de igrejas (Matriz do Divino Espírito Santo e Rosário).

Em 1º de junho de 1850, o curato foi elevado a paróquia (ou freguesia, onde estão os fregueses da paróquia).

Varginha experimentaria, então, o primeiro surto desenvolvimentista. Foram construídos os primeiros prédios públicos, como as duas primeiras escolas públicas e a cadeia.

A freguesia contava com 300 imóveis, na avenida Rio Branco, rua Wenceslau Braz (rua da Chapada), Presidente Antônio Carlos (rua Direita), Delfim Moreira (rua São Pedro). Poucos resistem até hoje; a maioria foi modernizada.

O segundo boom desenvolvimentista da cidade advém do fim da escravatura. Para substituir a mão-de-obra escrava, é firmado um acordo com a Itália, onde vários imigrantes deslocam-se de sua terra natal para o Brasil. A passagem era paga pelo governo brasileiro, em troca de cinco anos de trabalho na lavoura.

Em 1888 a recém-criada cidade de Varginha recebeu a maior leva de imigrantes, 1.020 no total. Eram 806 italianos (toscanos, lombardos e venetos procedentes, em sua maioria, de campos e aldeias), mais portugueses, espanhóis, turcos e alemães. Radicaram-se em Varginha, escrevendo uma das mais importantes páginas da história da cidade.

O principal impulso dos imigrantes ocorreu inicialmente na agricultura. As duas culturas significativas eram a cana-de-açúcar e o café. A pequena vila contava com 113 estabelecimentos de beneficiamento de café no começo do século XX. Em 1933, a cidade contava com seis engenhos e uma produção de 2 mil toneladas de cana-de-açúcar.

O terceiro momento relevante do desenvolvimento de Varginha acontece com o início do funcionamento da linha férrea em Varginha, em 1892 (no mesmo local onde está o prédio atual da estação ferroviária). A cidade recebia suas primeiras empresas e o movimento era intenso. São dessa época duas obras básicas de infraestrutura: as primeiras obras de calçamento e a iluminação pública, de gás acetileno e postes de metal.

Com o aumento da população, surgem opções de lazer, na rua da Chapada (onde hoje fica o calçadão da Wenceslau Braz, na altura aproximada da loja Ponto Frio).

O Theatro Municipal é inaugurado em 1904; seis anos depois, no mesmo local, é aberto o Cinema Brasil, talvez o primeiro do sul de Minas. Foi instalado pelo empreendedor capitão Pedro da Rocha Braga. A máquina era gerada por motor a querosene, desligado durante algumas sessões pela quantidade de fumaça. O cinema era itinerante, e o motor era levado em carro de boi a algumas cidades próximas.

Em 1913, a Empresa Telefônica Varginhense interligava 150 aparelhos na cidade. Aos poucos, o perfil da economia agrícola vai cedendo espaço, ainda de forma tímida, para a indústria.

Interessante que todo o movimento econômico girava em torno da estação ferroviária, com a Rua Alves e Silva, antiga Rua dos Comissários, durante muito tempo, sendo o centro comercial e financeiro de Varginha. Nesta rua funcionaram agências bancárias, Casa Navarra e a Associação Comercial de Varginha. A Casa Navarra era o concessionário da Ford, comercializava materiais de construção, eletrodomésticos, materiais elétricos e era agente de grandes bancos na cidade, além de ter oficina eletromecânica própria.

O prédio onde funcionou a Associação Comercial foi posteriormente, durante muitos anos, o Clube Botafogo, reduto da boemia da cidade. O imóvel foi construído originalmente na década de 20 para sediar a Rebêlo & Alves, uma das primeiras empresas de café da região. Durante longo período, funcionou ali o Banco do Distrito Federal. Homero Frota comprou a casa na década de 60.

No imóvel ao lado da Rebêlo & Alves (onde é atualmente uma residência), funcionava o Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais. No quarteirão em frente à estação ferroviária, funcionava o Hotel Megda, sucedido pelo Grande Hotel Maduro. Embaixo, havia armarinhos e secos & molhados. No imóvel onde hoje está o Museu Municipal funcionava o Banco do Brasil. Ao lado, onde fica a sede do Jornal Sul de Minas, ficava o Banco do Comércio e Indústria. Em frente, no local onde hoje há vagas para carros, os passageiros embarcavam nas “jardineiras” para viagens regionais. Do lado de baixo da estação ferroviária ficava a Cervejaria Glacial Ártica, de propriedade da empresa Mello, Rezende Ltda. Em 1927, contava “com a producção diária de quatro mil garrafas e trez mil kilos de gelo”. Também produzia o guaraná “O Futurista”.

Segundo os documentos que registram a história do município, o progresso de Varginha foi intensamente impulsionado após 1925, com a visita do presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Na ocasião, o presidente assumiu um empréstimo no valor de 2.500 contos de réis, o equivalente a cem fazendas. O empréstimo possibilitou a terraplenagem e reestruturação completa da cidade, com o asfaltamento das principais ruas, iniciando em definitivo o processo de urbanização.

Nesse período, surgiram importantes instituições para Varginha: os colégios Marista e Santos Anjos; Banco do Brasil; Hospital Regional do Sul de Minas; e a Associação Comercial de Varginha.

Varginha começa a se expandir. Novos bairros surgem. O primeiro deles, a Vila Barcelona, formado em sua maioria por operários. Na década de 1950, Varginha possuía uma das praças de esportes mais bonitas do Estado (hoje, VTC).

A cidade ainda se restringia ao “miolo” do centro. As casas terminavam na avenida Major Venâncio, no “Areião” (Fátima), na Vila Barcelona e nas Três Bicas. Bairros como Catanduvas, Jardim Andere, Bom Pastor ainda não existiam, eram considerados zona rural.

Começam a ser criadas regionais dos governos estadual e federal. A era do ensino superior tem início em 1965, com a primeira escola de ensino superior (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras). Nos anos seguintes, são criadas a Faculdade de Direito de Varginha, Faculdade de Ciências Contábeis e de Administração, a Faculdade de Engenharia Mecânica (a hoje extinta Fenva) e a Fepesmig, que se tornou, depois, Centro Universitário do Sul de Minas. Mais recentemente, Unifenas e Unifal.

Na década de 1970 inicia-se o processo moderno de industrialização da cidade, notadamente durante as administrações dos prefeitos Eduardo Ottoni e Aloysio Ribeiro de Almeida. Foi nessa época que se instalaram em Varginha centros de educação profissional do SESI, SENAI, SENAC e, mais tarde, SEBRAE. Nas décadas seguintes, essas instituições garantiram a formação de mão-de-obra qualificada para cidades do sul de Minas, o que ocorre até hoje.

O parque industrial contemporâneo de Varginha começou a tomar forma com empresas como Moinho Sul Mineiro, Café Bom Dia, Pólo Films, Plavigor, FL Smidth, Heatmaster, CBC e Cooper Standard. Mais recentemente, durante as administrações de Antonio Silva e Mauro Teixeira, foram instaladas empresas como Philips-Walita, Coleção, Flexfor.

Fonte: Prefeitura Municipal. Disponível em www.varginha.mg.gov.br. Acesso em 20/11/2020. Texto de Marcus Madeira.