História de Caratinga


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A decadência da mineração nos sertões planaltinos provocou, em fins do século XVIII e princípios do XIX, um refluxo de povoamento do interior para o litoral, determinando a vinda de muitos braços às zonas de "mata" da Encosta do Planalto favoráveis à agricultura e ainda cobertas, então, pelo seu manto florestal primitivo.

Diversos fatores concorreram para que esta região tivesse ficado, por tão longo tempo, à margem do povoamento; avultando, sem dúvida, entre eles, a formidável barreira da floresta tropical que, da Bahia (margem esquerda do Paraguaçu) para o sul, se estendia "ininterruptamente, vestindo os flancos e os altos das serras que bordam o litoral", até a altura da então Capitania de São Paulo.

Para ela haviam fugido as tribos indígenas que não se tinham submetido ao domínio do colonizador quando da conquista do litoral e, mais tarde, desde os princípios do século XVIII, do planalto.

Na parte norte da Encosta Planaltina, algumas penetrações haviam sido feitas já no século XVI compreendidas ainda no chamado "ciclo das entradas". Entre elas, cumpre destacar a de Spinosa ao rio São Francisco, em 1553, e a de Sebastião Fernandes Tourinho, através dos rios Guandu e Manhuaçu, ao rio Doce, em 1573.

Na bacia do rio Doce, a colonização, em sua fase mineradora, atinge os altos afluentes do rio lavrando-se, desde meados do século XVIII, ouro em pequenas proporções nos rios Suaci-Grande, Cuieté (Caratinga) e Manhuaçu. Várias cidades atuais desta zona nasceram dos acampamentos dos faiscadores de ouro.

Em fins do século XVIII, ao declinar a produção aurífera das Minas Gerais, afrouxa-se a política restritiva do governo colonial, que chega mesmo a incentivar uma campanha de "pacificação dos índios" às "áreas proibidas", na região norte da Encosta Planaltina.

O pioneirismo no desbravamento do território do atual município de Caratinga é atribuído a Domingos Fernandes de Lara, natural de Araponga, então pertencente ao município de Viçosa. Teria vindo, em companhia de amigos, serviçais, escravos e "índios catequizados", à procura da poaia (ipecacuanha), planta medicinal abundante na região e de grande valor comercial. Acredita-se que ali tenha permanecido desde o princípio de 1841 até 1847.

Propagando-se as notícias das riquezas da região habitada por índios de índole mansa atraíram a mesma, em 1847 ou 1848, João Caetano do Nascimento, João Antônio de Oliveira e João José da Silva, vindos com o intuito de aí se estabelecerem em definitivo. Abrigando suas famílias em habitações provisórias, começaram eles a esquadrinhar a região, à procura de local apropriado a sua fixação. Percorreram os vales dos rios Caratinga, Manhuaçu, João Pinto e Cuieté (baixo curso do Caratinga), até o rio Doce. Abandonaram logo a zona do vale do Cuieté, devido ao clima e as febres. Em seguida, separaram-se, dirigindo-se João Caetano para a região dos rios Prêto e Jacutinga.

Em sua viagem de regresso, procurou João Caetano atingir as nascentes dos rios Laje e Prêto, fixando-se de vez em um dos contrafortes da serra que mais tarde ficou conhecida por "da Jacutinga". Legitimou, então, como posseiro, o seu direito sobre vastas sesmarias, trazendo parentes e amigos para participarem da exploração das novas terras. Surgiu assim a povoação, cujo rápido desenvolvimento lhe valeu a criação do conselho distrital em junho de 1848, sua elevação à categoria de paróquia em 1873, e sua autonomia da de Manhuaçu, em 1890.

Gozando da posição privilegiada de ponta de trilhos, serviu de apoio às penetrações para o norte em direção ao rio Doce. Constituiu-se, assim, como o principal centro urbano da margem direita daquele rio. Projetou-se como centro regional de amplo raio de ação.

O advento da rodovia federal Rio-Bahia, cortando-lhe o território, aproximou-o mais dos grandes centros, ativando seu comércio e seu desenvolvimento.

Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística - disponível em https://cidades.ibge.gov.br. Acesso em 08/10/2021.